O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) vai ampliar atendimentos previdenciários a comunidades instaladas em locais de difícil acesso pelo país afora. Os serviços serão prestados por meio de forças-tarefas que percorrerão aldeias indígenas e sedes de populações quilombolas e ribeirinhas. A iniciativa será inspirada em um projeto que já é desenvolvido com sucesso em Curitiba (PR).
Na capital paranaense, o projeto recebe o nome de Aproxima e reúne equipes do INSS e representantes da Justiça Federal, servidores do município de Curitiba, procuradorias da AGU, Defensoria Pública, representantes da Universidade Federal do Paraná. Através dessa força-tarefa todos os serviços previdenciários são levados até as tribos indígenas e comunidades ribeirinhas. Entre os benefícios mais procurados estão o Salário-Maternidade e o Benefício de Prestação Continuada (BPC) para pessoa com deficiência.
Para chegar até as aldeias paranaenses é preciso percorrer estradas de chão e caminhos nada convencionais. Toda vez que a equipe chega no local é recebida pelos indígenas com cantos e rituais sagrados como forma de agradecimento. Tem sido assim em todas as aldeias percorridas, a gratidão por receber atendimento fica estampada nos rostos que anseiam por ajuda.
A força-tarefa realizada no Paraná está na sua segunda semana e já visitou a aldeia indígena Guarani Araçai, Guarani Guaviraty e a Guarani Sambaqui. Florinda Tomoteo é esposa do cacique da aldeia Guaviraty. No local residem 12 famílias, aproximadamente 50 indígenas. Emocionada ela fala da importância do projeto. “Nos sentimos abandonados, não temos uma vida digna, muitos passam aqui e tiram fotos e vão embora. Sempre que vem alguém aqui ficamos com esperança de mudança de ganhar dignidade e hoje vendo todos vocês meu coração enche de esperança. Saber que temos direitos previdenciários e que vocês irão olhar por nós é uma alegria imensa”.
Neiva Gabriel Fernandes mora na aldeia Araçai, ela está no quinto ano da faculdade e cursa Licenciatura do Campo. “Fiquei muito surpresa com a visita do INSS com os temas previdenciários. É importante a gente poder explicar para o meu povo como um benefício pode mudar a vida deles”. Ela acredita que seu exemplo pode motivar outras mulheres. “Sair da aldeia e levar a nossa cultura para a universidade e ao mesmo tempo trazer o que aprendo lá para o meu povo é um sonho sendo realizado”.
O presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, apoia o projeto Aproxima e revela que pretende levar a iniciativa para o restante do país. “Nossa política de governo está focada na humanização do INSS. Todo projeto que faz esse reencontro do instituto com os povos originários é muito importante e deve sim ser nacionalizado. Vamos levar o sucesso do projeto do Paraná para o restante do país. Os povos originários são importantes para o Brasil e o acesso aos seus direitos é indispensável. E nada melhor do que levarmos esses serviços previdenciários até essas comunidades que sofrem com a falta de infraestrutura, isso é um ganho enorme para a concessão do direito”, enfatiza.
A Gerência-Executiva em Curitiba abraçou a ideia que surgiu por iniciativa da Justiça Federal. Nas ações, o INSS está levando a estrutura de equipamentos e servidores capacitados no reconhecimento de diretos para sair da aldeia já com os requerimentos iniciados e muitos até finalizados. “Ver a emoção e gratidão pelos serviços ali prestados tem nos despertado que o direito deve chegar a todas as pessoas. E conhecer na prática as dificuldades que cada indivíduo enfrenta para ter acesso a esses direitos básicos nos motiva em fazer a diferença. Por isso, aceitamos o desafio e estamos emocionados por ter essa oportunidade e poder concretizar o atendimento humanizado que tanto falamos”, conclui a gerente-executiva do INSS em Curitiba, Silvana Bernardino.